Análise e Opinião

Análise e Opinião

A importância de conhecer os vieses comportamentais para tomar melhores decisões de investimento

Por
Vanessa Corrêa

foto artigo 1 atalhos mentais

Será que somos 100% racionais nas nossas decisões de investimento?

No mundo das finanças, existe uma lacuna entre o que deveríamos considerar e o que realmente consideramos ao escolher um investimento.

Levantar fatos e dados fazem parte do processo decisório e são legítimos. No entanto, a forma como as informações são interpretadas e processadas na mente, podem afetar nossa tomada de decisão, levando a escolhas precipitadas.

Como forma de economizar energia e encurtar o tempo que levamos para decidir, nosso cérebro recorre a atalhos mentais. Em finanças, denominamos esses atalhos mentais como vieses comportamentais e o ramo de pesquisa que estuda esses vieses é chamado de finanças comportamentais. Ela nos ajuda a entender o que pode influenciar nossas escolhas e como reduzir impulsos em prol de uma tomada de decisão melhor e mais racional.

O que são vieses comportamentais?

Os vieses comportamentais são respostas emocionais e limitações cognitivas que podem se manifestar diante de tomadas de decisões complexas. Eles não são simplesmente erros aleatórios, mas sistemáticos e, portanto, previsíveis.

Existem dois tipos de vieses: o cognitivo e o emocional.

Os vieses cognitivos são os erros de avaliação e de julgamento. Em certos momentos, até nos esforçamos para tomar decisões racionais, mas nos falta tempo, capacidade, ou dados suficientes para essa decisão. Para evitar esse erro precisamos ir atrás de melhores informações, fazer as perguntas certas ou buscar suporte qualificado.

Já os vieses emocionais são mais difíceis de mitigar. Eles surgem através de sentimentos, intuição e experiências passadas. Por esse motivo, eles tendem a provocar mais reações espontâneas do que um viés cognitivo e por isso são mais difíceis de controlar e precisam ser ajustados para a realidade do investidor.

Neste artigo, você entenderá quais são os vieses comportamentais mais comuns nos investimentos, e o que fazer para reduzi-los.

 Viés de representatividade

O que é:  ocorre quando o indivíduo fica preso no passado e se concentra apenas em informações que apoiem seu ponto de vista, ignorando ou minimizando as informações novas que contradizem suas crenças.

Exemplo: a ação de uma empresa é reconhecida há muito tempo como uma ação de crescimento. No ano passado, os preços das ações e a receita da empresa caíram embora os lucros ainda estejam crescendo. Caso o investidor confie demais na classificação inicial, ele pode presumir que retornará ao crescimento e fará a compra sem considerar adequadamente todos os resultados recentes.

Como evitar:

– Fazer escolhas de longo prazo, analisando as probabilidades e estatísticas.

– Criar métricas baseado em uma estratégia da alocação e seus possíveis riscos.

– Gerir as mudanças considerando todas as informações e dados disponíveis.

Viés de disponibilidade

O que é: ocorre quando o indivíduo dá ênfase exagerada em notícias e fatos recentes. A seleção dos investimentos é feita com base na facilidade com que suas memórias conseguem capturar e categorizar.

Exemplo: uma empresa ou fundo estão em evidência e fazendo muita publicidade. Esse simples fato pode gerar familiaridade e aumentar as chances de uma compra ou ação precipitada.

Como evitar:

– Fazer um planejamento com diretrizes bem definidas de investimentos e manter-se fiel a elas.

– Utilizar dados e indicadores para tomar decisões

– Se perguntar “onde ouvi falar dessa ideia?” pode ajudar a detectar o viés.

– Buscar diversificar suas aplicações para evitar que a familiaridade desconsidere outros tipos de investimento e fique concentrado em um único ativo.

 Viés de ancoragem

O que é:  ocorre quando o indivíduo confia demais na primeira informação oferecida, chamada de âncora. Depois que a ancora é definida, os julgamentos de novas informações são feitos em torno dela.

Exemplo: um investidor define um valor arbitrário inicial sem avaliação prévia do ativo que está comprando e métricas de precificação. Ele julga o desempenho do ativo e novas informações com base nesse valor. Essa atitude ocorre frequentemente em compras por impulso de objetos que temos pouco conhecimento. O vendedor nos oferece um preço inicial e com base nesse preço julgamos os demais produtos e seu custo-benefício sem questionar o preço inicial dado.

Como evitar:

– As previsões devem ser atualizadas para refletir mudanças nos fundamentos da empresa e não ancoradas em estimativas passadas.

Se perguntar “Vou ficar com esta ação porque originalmente a recomendei por um preço mais alto?” ou “Estou me tornando dependente desse preço anterior?”

 Viés de aversão a perda

O que é: é um viés emocional e ocorre quando o indivíduo apresenta respostas assimétricas a ganhos e perdas. Ele sente a dor da perda com muito mais intensidade do que a satisfação dos ganhos. Como resultado do medo de assumir perdas, o investidor tende a se expor a ainda mais riscos na esperança de recuperar esse valor.

Exemplo: Um investidor manter seu investimento perdedor na esperança de que as perdas sejam recuperadas em períodos futuros e vendem ativos que deram lucro no curto prazo com medo de que o lucro possa ser corroído, mesmo que ele tenha boas projeções futuras.

Como evitar:

– Manter um processo de investimentos disciplinado e bem pensado com base nas perspectivas futuras, objetivos e cenários de um investimento, não em ganhos ou perdas percebidos.

– Gerenciamento de riscos: desenhar diferentes cenários e se perguntar “estou preparado para caso o pior aconteça”?

Conclusão

Planejar seus investimentos com base em métodos e estratégias bem desenhadas contribuem para uma tomada de decisão mais racional. Uma política bem definida é essencial principalmente em momentos de incerteza, onde as dúvidas e questionamentos tornam-se ainda mais frequentes.

Para quem já investe, é importante resgatar a estratégia por trás daquela decisão e o motivo de você o ter escolhido. Torna-se necessária uma revisão de carteira de forma recorrente para avaliar o cenário, entender se existem novas alternativas e quais são as consequências dessa mudança.

Quando o assunto é alocação e preservação de recursos, o conhecimento e a informação são essenciais para ter confiança e tranquilidade nas tomadas de decisões. Se você busca evoluir nos seus investimentos, procure um assessor qualificado para te auxiliar nesse processo. O assessor de investimentos é um profissional em alocação que estuda para ajudar a identificar vieses que possam prejudicar o seu patrimônio.

 

Deixe um comentário