Análise e Opinião

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Carta aos Investidores – Agosto 2021

Por
Thiago Goulart

Os seres humanos controlam o mundo porque são capazes de cooperar melhor do que qualquer outro animal, e são capazes de cooperar tão bem porque acreditam em ficções”.
(Yuval Noah Harari)

Destaques do mês 

bolsas
Fonte: Bloomberg e XP Investimentos

Na análise da XP Investimentos, a volatilidade retornou ao mercado brasileiro e global em julho, devido aos seguintes fatores: 1) aceleração dos casos de Covid-19 por conta da variante Delta; 2) pressões regulatórias do governo chinês ao setor privado, especificamente empresas de tecnologia e educação, que sofreram com uma venda generalizada recentemente, e 3) no Brasil, riscos políticos continuaram a pressionar os ativos.

Como resultado, mercados globais ficaram de lado em julho, de acordo com o índice MSCI Global, encerrando o rali de 8 meses seguidos. O Ibovespa, em dólar, caiu -6,8% em julho, em função do enfraquecimento do Real e a queda de -3,9% do índice em moeda local. Apesar da correção, o índice brasileiro subiu 2,6% em dólares até agora neste ano, ainda superando os Mercados Emergentes, que por sua vez está com leve alta de +0,3% até o momento, em virtude da fraca performance nos Mercados Asiáticos. Desde o começo da tese de reflação, que começou em novembro de 2020, o índice Ibovespa sobe +16,5% em dólares.

TÓPICOS DA CARTA

Mercados permanecem em transição (análise XP Investimentos)
Escalada do Tesouro Direto
Leia o gráfico: a armadilha do home bias
Cenário macro internacional e doméstico
Causas e consequências da inflação
O que você quer ser quando envelhecer?
Crônica: Factfulness e a quarta revolução
Leituras recomendadas

carta ao investidor

Mercados permanecem em transição (análise XP Investimentos)

Enquanto o setor de Materiais e Siderurgia tem liderado o mercado em 2021, a transição para um meio de ciclo começa a sugerir uma mudança neste padrão. Para esclarecer, ainda gostamos do setor de commodities e acreditamos que suas ações possuem um rendimento e valuations atrativos. Porém, de uma perspectiva macro, acreditamos que esta liderança possa estar mudando. Assim, achamos válido começar a reduzir as grandes posições no setor e aumentar em empresas domésticas, de qualidade e de crescimento.

O estilo e os setores que tendem a ter melhor desempenho numa fase de meio de ciclo são os setores de crescimento defensivo, de empresas com posição dominante, balanços sólidos e com negócios defensivos, e que podem continuar a crescer.

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Escalada do Tesouro Direto

A conjuntura econômica do Brasil tem ganhado contornos diferentes em 2021. O Tesouro Direto, que ficou em segundo plano no ano passado com a queda da Selic para a mínima histórica de 2%, retornou aos holofotes. Hoje, há 2,3 milhões de investidores a mais do de em 2020, com um patamar de 11,5 milhões de cadastros.

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Fonte: Infográfico Estadão via Tesouro Direto

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Leia o gráfico: a armadilha do home bias

Jennie Li, estrategista de ações da XP Inc., trouxe em sua análise periódica o gráfico abaixo para abordar o tema home bias, que em português significa viés doméstico, ou seja, a tendência de investidores preferirem ativos domésticos.

Segundo Jennie Li, ao invés de diversificar a carteira em outras regiões, muitos investidores têm quase todo o portfólio concentrado em ativos de seu próprio país por terem mais familiaridade com empresas locais.

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Fonte: XP Investimentos

O gráfico demonstra que as ações brasileiras representam menos de 1% do universo da renda variável global. Em outras palavras, o investidor que aloca somente no Brasil está perdendo a chance de ter exposição a temas de investimento que não se encontram aqui, como as grandes empresas americanas ou o crescente setor de tecnologia na Ásia.

Moral da história: diversificação global é essencial para ampliar a gama de oportunidades e reduzir os riscos de concentração.

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Cenário macro internacional e doméstico

No cenário internacional, o destaque foi a decisão de política monetária do Federal Reserve (FED) que deixou a taxa básica de juros e o ritmo de compra de ativos inalterados. Também nos Estados Unidos, tivemos a divulgação do deflator PCE, cujo resultado fortaleceu o argumento do Fed sobre a transitoriedade da pressão inflacionária atual. Riscos regulatórios na China e resultados de PIB na Europa também marcaram o final de julho.

No cenário doméstico, observamos a publicação de diversos indicadores, incluindo estatísticas do mercado de trabalho, inflação e contas públicas, que confirmaram a retomada da economia doméstica, pressão nos preços correntes e alívios de curto prazo no lado fiscal (mas riscos ainda relevantes em horizonte de tempo mais longo). A Reforma Tributária segue com negociações entre governo e partes afetadas, e pode ser votada na semana que vem, com o fim do recesso parlamentar.

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Causas e consequências da inflação

Inflação é o aumento dos preços de bens e serviços. Ela implica diminuição do poder de compra da moeda. A inflação é medida pelos índices de preços. O Brasil tem vários índices de preços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o índice utilizado no sistema de metas para a inflação.

​​​Causas da inflação

A inflação pode ter várias causas, que podem ser agrupadas em:

  1. pressões de demanda
  2. pressões de custos
  3. inércia inflacionária e
  4. expectativas de inflação.​

Consequências da inflação

A inflação gera incertezas importantes na economia, desestimulando o investimento e, assim, prejudicando o crescimento econômico. Os preços relativos ficam distorcidos, gerando várias ineficiências na economia. As pessoas e as firmas perdem noção dos preços relativos e, assim, fica difícil avaliar se algo está barato ou caro. A inflação afeta particularmente as camadas menos favorecidas da população, pois essas têm menos acesso a instrumentos financeiros para se defender da inflação.

Inflação mais alta também aumenta o custo da dívida pública, pois as taxas de juros da dívida pública têm de compensar não só o efeito da inflação mas também têm de incluir um prêmio de risco para compensar as incertezas associadas com a inflação mais alta.

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Fonte: Banco Central

O que você quer ser quando envelhecer?

(Artigo de Marcia Dessen, Planejadora financeira CFP, para a Folha de São Paulo)

Quem se recorda da infância quando pensávamos no que queríamos ser quando crescer? Vejo que as coisas não mudaram, ouvindo minhas netas fazendo a mesma pergunta, mudando de ideia e cogitando outras profissões, inspiradas por novas experiências que as encantam.

O que não fazemos é refletir sobre o que queremos ser quando envelhecermos. Talvez porque resistimos a pensar no envelhecimento e deixamos de nos preparar para essa fase da vida.

Em algumas culturas, como a oriental e a europeia, as pessoas lidam muito bem com a velhice. No Brasil, que reveza com os EUA no posto de campeão mundial em cirurgia plástica, temos um longo caminho a percorrer no sentido de aceitação e preparação para a velhice.

Essa resistência talvez ajude a explicar a dificuldade de muitos no sentido de planejar a aposentadoria, de entender que haverá tempo suficiente para uma terceira ou quarta carreira e podermos responder à pergunta “o que você quer ser quando envelhecer”.

O livro “Ikigai, os Segredos dos Japoneses para uma Vida Longa e Feliz” relata o estilo de vida dos japoneses que ultrapassam a casa dos cem anos de idade, ativos e satisfeitos até o fim da vida.

A palavra ikigai, uma junção de termos que significam “vida” e “valer a pena”, parece ser uma das razões para a extraordinária longevidade dos japoneses, sempre em busca de um propósito para sua existência.

Um dos segredos dessa vida longa e feliz, além da alimentação saudável e da prática de exercícios físicos, é o fato de que eles não se aposentam, seguem trabalhando naquilo que gostam de fazer. Costumam manter ao menos duas atividades ao longo da vida —quando uma delas se esgota, a outra se mantém.

Não existe na língua japonesa uma palavra que signifique “aposentar-se”, no sentido de retirar-se para sempre. Muitos se dedicam, por exemplo, à horticultura, que, além de os manter ativos, fazendo o que gostam de fazer, permitirá uma fonte de renda ou de troca e pode ser mantida quando o vínculo de um trabalho formal deixar de existir.

Aposentadoria remete à velhice. Velhice remete à morte. Embora ambas sejam naturais e façam parte da vida, não é prazeroso pensar nem em uma coisa nem em outra. Talvez essa seja a razão pela qual muitos se recusam a pensar no assunto e preferem seguir vivendo pensando no presente, dando pouca ou nenhuma atenção ao futuro.

Se planejarmos a aposentadoria, poderemos decidir como será nossa velhice, como nos manteremos ativos nessa fase da vida, como nos ensinam os longevos cidadãos japoneses.

Crônica: Factfulness e a quarta revolução

As ideias em movimento geram uma economia cada vez mais digitalizada, em que uma parcela crescente de serviços é fornecida a um custo marginal zero, ou seja, a criação e a apropriação de valor concentram-se em centros de inovação onde são feitos os investimentos em intangíveis: criatividade, autoconhecimento, novos projetos.

Mais de 70% das iniciativas de transformação digital no mundo fracassam. A lição é a de que não há caminho único para ter sucesso na empreitada. Contudo, mas uma coisa parece certa: a adoção de tecnologias digitais não pode ser um fim em si mesmo e só faz sentido se estiver alinhada com a estratégia de negócios da empresa…

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Um abraço,
Equipe Valor Investimentos

 

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