Por Pablo Alencar*
Vivemos em um país onde o trade off em relação aos impostos e qualidade do serviço público passam longe da satisfação popular. Em outras palavras, pagamos muito impostos e recebemos pouco em troca. Isso nos obriga a arcar com despesas complementares que deveriam ser responsabilidade do Estado, por meio da segurança, saúde, educação dentre outros.
No entanto, apesar desse cenário há muito tempo sombrio, ainda conseguimos achar algumas coisas positivas, tais como: poucas pessoas conhecem e utilizam o cash back da Receita Federal. Como assim?
A ideia o cash back federal acontece quando o governo dá uma grana de volta – daí ser cash back – para todo o recurso que você investir em Fundos de Previdência Privada na modalidade PGBL.
Vamos entender funciona. Peguemos, como exemplo, uma pessoa com renda bruta (tributável) anual de R$100.000,00. Essa pessoa pega parte da poupança que fez ao longo do ano e aporta em um Fundo de Previdência (modalidade PGBL). Aqui, um ponto importante: existe um limite. E esse limite é de 12% da sua Renda Anual. Neste caso, R$12.000,00.
Sem o investimento na Previdência, essa pessoa pagaria de IR (Imposto de Renda) a quantia de R$27.500,00 (R$100.000 x 27,5%). Aportando os R$12.000,00 na Previdência a pessoa fica autorizada a reduzir a base de cálculo do imposto na mesma proporção. O imposto deixa de ser calculado sobre R$100.000,00 e passa a ser sobre R$88.000,00.
Com isso, o imposto a ser pago será de R$24.200,00 (R$88.000 x 27,5%). Uma economia de R$3.300,00.
Moral da história: investe-se R$12.000 no PGBL e ganha de volta R$3.300. Simples assim! Cash Back do Governo. Imaginou que um dia isso poderia acontecer?
Como comentado acima, não é qualquer fundo de previdência que tem cash back. Apenas os da modalidade PGBL. Também não são todas as pessoas que são elegíveis para esse benefício. Apenas quem declara o IR pelo modelo completo.
Ao reinvestir esse cash back no seu fundo de previdência, o resultado ao longo dos anos será maravilhoso, por meio da multiplicação do capital via juros compostos. E para que isso ocorrer é fundamental que os valores estejam alocados em bons fundos.
Infelizmente a realidade, hoje, não é essa. Cerca de 86% dos fundos de previdência está perdendo para a inflação. Isso quer dizer que ao invés de multiplicar o seu capital, ele está sendo corroído e perdendo o poder de compra. Além da previdência ser investimento, ela é uma das mais importantes modalidades que você vai fazer na sua vida, já que se torna sinônimo de uma velhice tranquila.
Não brinque com o seu futuro e faça anualmente uma avaliação do rendimento da sua previdência verificando se está de acordo com o seu Planejamento Financeiro.
Ah, e se você não tem um Planejamento Financeiro, lembre-se história da “Alice no país das maravilhas” ao encontrar um gato em cima de uma árvore. Neste momento, Alice pergunta ao gato para onde a estrada que ela percorre. O gato pergunta para onde ela quer ir. Alice diz que está perdida. O gato então conclui: “Para quem não sabe para aonde vai, qualquer caminho serve”. Mas isso já é assunto para um próximo artigo.
*Pablo Alencar, CFP® – Head da VCS (Valor Capital e Seguros)
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