Se você juntou dinheiro alguma vez na vida, muito provavelmente já fez algum tipo de aplicação financeira em Renda Fixa. Nesta coluna, tenho me dedicado a escrever, na maior parte dos textos, sobre a mais conhecida classe de ativos dos brasileiros: a Renda Fixa.
Antes de falarmos sobre as possibilidades de retorno que a Renda Fixa tem protagonizado, costuma-se dizer que ao investir em Renda Fixa, você está comprando um “título” em Renda Fixa. E este título nada mais é do que um título de obrigação, ou seja, um título de crédito, de dívida que alguém tem com você a partir de seu investimento.
Pense que você tem um primo que lhe pediu R$ 10 mil, com o compromisso de pagar R$ 11 mil depois de um ano. Para que você tenha alguma garantia, ele oferece um cheque emitido por ele com data de um ano adiante, com o valor de R$ 11 mil.
Neste exemplo, o título da dívida é o cheque, o valor de sua aplicação é de R$ 10 mil, o valor de resgate é de R$ 11 mil, a taxa é de 10% ao ano, o prazo do título é de um ano, e seu primo é o “emissor” do título de dívida. Esse empréstimo que você fez ao seu primo nada mais é do que uma aplicação em Renda Fixa.
No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom), anunciou um novo aumento na taxa básica de juros, ou seja, a Selic de 12,75% para 13,25% ao ano. Quando os juros crescem, é normal que a classe de ativos em Renda Fixa fique mais atrativa, passando a oferecer aos investidores retornos próximos a 1% ao mês. Rendimentos como esse foram vistos pela última vez há mais de cinco anos, quando a Selic chegou a alcançar 14,25% ao ano.
Assim, confira alguns investimentos nessa classe de ativos para aproveitar o momento. Lembre-se, antes, de sempre conversar com um assessor ou especialista em investimentos.
Títulos em Renda Fixa
Os títulos de Renda Fixa atrelados à Selic ou ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), indicador cujo valor é muito próximo ao da Selic, são favorecidos.
Esses investimentos incluem o Tesouro Selic, cujo rendimento é indexado à taxa básica de juros somada a um pequeno percentual adicional definido no momento do investimento.
Há também os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que são atrelados ao CDI quando são do tipo pós-fixado.
Vale notar que, em ciclos de alta de juros, é comum que os títulos prefixados sejam preteridos por não permitirem que os rendimentos acompanhem a evolução da taxa. Por exemplo, se uma pessoa investir R$ 1 mil em um título prefixado com rendimento de 12,75% ao ano e vencimento em 2029, ela necessariamente irá resgatar R$ 2.316,41 ao final do período.
Por outro lado, o mercado espera que a Selic se mantenha em 13,25% ou até cresça 13,75% ao fim do ano. Nesse sentido, no momento atual, é interessante optar por títulos pós-fixados.
É bom observar que esses investimentos são tributados de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda, com alíquotas de 22,5% para prazos menores que seis meses e 15% para prazos acima de dois anos. Todos esses investimentos com exceção das LCIs e LCAs que são isentos.
Fundos de Renda Fixa
Da mesma forma que os títulos do Tesouro Direto são favorecidos pela alta da Selic, os fundos de renda fixa também são. A diferença é que eles agrupam diferentes títulos em uma única aplicação, e os recursos dos investidores são administrados em conjunto por um gestor profissional.
ETFs de Renda Fixa
Uma forma de diversificar dentro da Renda Fixa e aproveitar a alta da Selic é através de ETFs (fundos de índices), ou seja, esses fundos, em vez de contarem com uma gestão ativa de gestores, são elaborados com a finalidade de replicar um índice, como os índices da Anbima ou o S&P/BM&F Índice de Futuros de Taxa de Juros – DI 3 anos, por exemplo.
Atualmente, há sete opções de ETFs de Renda Fixa na B3, que apresentam estratégias diferentes:
FIXA11: permite exposição a contratos futuros da taxa DI de três anos, refletindo as expectativas do mercado em relação à evolução da taxa Selic.
IRFM11: investe em títulos prefixados, como LTN (títulos do Tesouro Direto do tipo prefixado) e NTN-F (títulos do Tesouro prefixados com juros semestrais).
B5MB11, IB5M11, IMBB11, IMAB11 e B5P211: investem majoritariamente em títulos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA, com prazos de vencimento diversos.
A vantagem em relação aos fundos de renda fixa é que os ETFs tradicionalmente possuem taxas de administração menores, e são tributados com a alíquota de 15% sobre os rendimentos, independentemente do prazo da aplicação.
Essas são algumas modalidades de investimentos que pode ser interessante na conjuntura que estamos vivenciando tanto no primeiro semestre, quanto no segundo.