2021 foi difícil na economia, na saúde, na política e ainda por cima nos investimentos.
Olhando no retrovisor e fazendo uma breve retrospectiva de 2021 do ponto de vista dos portfólios, enxergo um CDI fechando o ano do lado da casa dos 5%, a bolsa (IBOVESPA) caindo mais de 10%, o dólar sobe mais de 8% e a famigerada inflação fechando acima dos dois dígitos.
Respondo à sua pergunta:
Como foi a poupança? Perdeu para a inflação.
Como foi o tesouro (SELIC e boa parte das NTNs e LTNs)? Boa parte perdeu para a inflação e outra parte está negativa no ano.
Como foram as carteiras de ações? A média fechou o ano no negativo.
E os fundos imobiliários? Mais de 3% de queda.
Historicamente cenários de inflação alta são desafiadores para os investimentos em ativos financeiros e, por mais louco que possa parecer, no ano de 2021 valeu mais a pena comprar carro usado do que investir na maior parte dos investimentos.
Fiquem tranquilos, faz parte. Investir não é uma corrida de 100 metros, investir é uma maratona inteira. Um ano como 2021 deve ser visto como um ano de oportunidades. Nesses raros momentos é que as grandes chances devem multiplicar o capital várias vezes. Principalmente nos ativos que tem relação com a economia real, os FIIs (fundos de investimento imobiliário) e as ações.
Explico…
Nas finanças dizemos que os ativos possuem duas naturezas distintas, podem ser títulos de dívida ou títulos de posse. Quando aplicamos na poupança, compramos um CDB, LCI ou LCA, estamos financiando uma instituição bancária, estamos emprestando para o banco, logo somos detentores de um título de dívida.
Quando compramos ações ou cotas de fundos imobiliários viramos detentores de um ativo, um organismo vivo, que tem como objetivo a geração de lucro. Sentamo-nos do lado do diretor da empresa ou do responsável pelo projeto e assumimos o risco de aquilo dar certo ou errado. Nesse caso, somos donos de um título de posse, posse de uma empresa ou de um imóvel por exemplo.
Esse risco intrínseco que os investimentos em renda variável possuem é o que me atrai para essa classe de ativo e na minha visão é o que os torna atraentes para o ano de 2022. Em ambientes de inflação mais alta (esperamos IPCA de mais de 5% em 2022) ativos geradores de renda, que conseguem repassar preço como as empresas e os imóveis são excelentes veículos de investimento e historicamente tiveram performance muito atraente nesses cenários.
No ano de 2021 isso não foi uma verdade por conta de uma série de fatores, como o aumento da taxa básica de juros brasileira, o ruído político e diversas outras peculiaridades tupiniquins. Entretanto, criamos um desequilíbrio entre o preço das empresas e empreendimentos negociados em bolsa e o real valor desses negócios. Na minha visão, é um momento interessante para separar uma parte do patrimônio para investir em economia real.
Voltando para 2022 espero que além da inflação alta, seja um ano repleto de volatilidade. Temos no Brasil uma eleição importante, mas o tema mais esperado do ano é a normalização da política monetária norte-americana. Expectativas em relação a uma possível subida de juros nos EUA impactam o mundo como um todo e, qualquer surpresa (alta de juros mais rápida do que o esperado), podem fazer com que os mercados emergentes chacoalhem.
Em um ambiente de volatilidade como o que esperamos é importantíssimo manter um portfólio equilibrado, com um mix de produtos bem separado e que converse com os objetivos de cada investidor.
Estejam preparados, uma vez que o ano de 2022 tem tudo para ser de grandes oportunidades, mas também de boas emoções.