Resultados da pesquisa por “fundos de investimento

Veja como declarar o Imposto de Renda 2022

Os primeiros meses do início do ano são marcados por festas e confraternizações. Dizem que o ano só começa de verdade, a partir do carnaval. Porém, junto às comemorações, há sempre preocupações. Dentre elas, uma chama atenção especial dos brasileiros: a declaração de Imposto de Renda. Esse item está reservado às pessoas todos os anos […]


O comportamento do investidor

Já escrevi há algumas semanas sobre o impacto econômico que sofremos em função da pandemia, da guerra na Ucrânia, assim como problemas estruturais do país. Esses três problemas somados e os desdobramentos gerados por eles, nos colocaram em uma situação de baixo crescimento econômico e inflação elevada. Ainda considerando esses aspetos como pano de fundo, […]


Com oferta de R$ 30 bilhões, Eletrobras dá ânimo à Bolsa

A oferta de ações da Eletrobras, que vai resultar na saída do governo do controle da gigante de energia, tem potencial de movimentar R$ 30 bilhões na Bolsa no mês que vem. A operação – do tipo subsequente, ou seja, de empresa já listada na Bolsa brasileira, a B3 – vai reanimar o combalido mercado de renda variável brasileiro, que está praticamente parado neste ano.

Fontes afirmam que existem dez grandes investidores já comprometidos e outros três em negociação, incluindo cinco estrangeiros. Não há conversas com investidores estratégicos – ou seja, empresas do setor. Segundo fontes, já haveria demanda para cobrir a oferta.

O tamanho da operação é equivalente a mais de dez vezes a média de ofertas semelhantes no ano passado: em 2021, foram 24 lançamentos, com valor médio de R$ 2,4 bilhões cada um. A movimentação da Eletrobras pode uma das maiores operações na Bolsa brasileira desde a megacapitalização de R$ 120 bilhões da Petrobras, realizada em 2020.

A oferta de ações vai definir o valor que o governo deverá receber diretamente pela Eletrobras – montante que deve variar de R$ 23 bilhões a R$ 26 bilhões, segundo fontes. O governo calcula seu ganho com a operação em R$ 67 bilhões. Para chegar a esse valor estão sendo considerados mais de R$ 40 bilhões referentes a investimentos futuros e à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), criada para compensar políticas públicas para amenizar reajustes de energia.

Os agentes do mercado financeiro esperam também adesão do investidor de varejo em níveis não vistos há cerca de 20 anos. Estão protocolados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 14 fundos para investidores que queiram usar recursos do FGTS ou migrar posições que compraram em ações da Petrobras e da Vale, com recursos do Fundo, em 2000 e em 2002.

No ano passado, a Eletrobras anunciou a pré-seleção de instituições financeiras para formar o sindicato de bancos que estruturariam a oferta. Os coordenadores líderes da oferta são BTG Pactual, Itaú BBA, Bank of America, Goldman Sachs e XP Investimentos. Participam ainda do grupo Bradesco BBI, Caixa, Citi, Credit Suisse, JP Morgan, Morgan Stanley e Safra.

MERCADO LENTO

Desde o fim de 2021, os bancos têm visto suas receitas nos segmentos de investimento penalizadas especialmente pela ausência de novas ofertas (IPOs, na sigla em inglês) e queda nos volumes de operações subsequente. Com a Selic em dois dígitos e os investidores arredios diante das incertezas com a inflação, o mercado tem poucas operações no horizonte.

Esse momento difícil, que a oferta da Eletrobras poderá amenizar, já afetou diretamente as receitas dos bancos de investimento. Conforme mostrou a Coluna da Broad, com a compilação dos dados do primeiro trimestre. A receita do Itaú BBA caiu 2,4% nesse período, na comparação com o ano passado, enquanto no Bradesco BBI o recuo foi de 7,5%. Já no BTG Pactual, a linha de negócio de banco de investimento teve queda de 27%, na mesma comparação.

ÚLTIMOS PASSOS

O governo corre contra o tempo para garantir a operação. A Eletrobras precisa concluir o preparo dos documentos finais que terá de apresentar aos reguladores de mercado no Brasil e nos EUA.

Esse trabalho inclui a atualização do balanço do primeiro trimestre, divulgado na última segunda-feira, e com base no acordão do Tribunal de Contas da União (TCU), que deu aval para a oferta na quarta-feira – a autorização veio após forte ofensiva do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, junto a ministros do TCU nos dias anteriores.

A oferta deve ser protocolada na semana que vem na CVM e na Securities and Exchange Commission (SEC, órgão de mercado de capitais nos EUA), para poder ir ao mercado em meados de junho.

A privatização da Eletrobras acontecerá por meio da oferta primária, envolvendo entre R$ 23 bilhões e R$ 26 bilhões (dinheiro que ficará com o governo), e secundária, para redução da fatia da União de 72% do capital votante do negócio para cerca de 45%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


FGTS poderá ser usado para a compra de ações da Eletrobras

Já estão prontos a campanha publicitária e os sistemas para os trabalhadores comprarem com dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) ações da Eletrobras no processo de privatização da empresa, aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nesta quarta-feira, 18.

O potencial para a compra com recursos do FGTS é de R$ 6 bilhões. O governo espera uma venda expressiva com o dinheiro do fundo, assim como já aconteceu em operações de capitalização da Petrobras. Na privatização da Eletrobras, os trabalhadores poderão usar até 50% do FGTS. O valor mínimo para aplicação é de R$ 200. Em caso de venda das ações pelo trabalhador, os recursos voltam ao Fundo.

Depois de tomar conhecimento da oferta, o trabalhador com conta no Fundo poderá acessar os canais que serão tornados disponíveis pela Caixa (aplicativo FGTS ou agências) e simular valores. A compra será feita por meio de Fundos Mútuos de Privatização ligados ao FGTS (FMP-FGTS), que são constituídos sob a forma de condomínio aberto em que participam exclusivamente pessoas físicas detentoras de contas vinculadas do FGTS – todo trabalhador com carteira assinada tem uma conta vinculada.

O trabalhador terá a opção de escolher uma administradora de FMP-FGTS, autorizá-la a consultar o seu saldo e repassar à Caixa a solicitação de pedido de reserva para a compra de ações.

Judicialização

Uma “sala de guerra” para a disputa de liminares na Justiça já começou a funcionar no BNDES e na Eletrobras. Advogados fazem um monitoramento diário do movimento jurídico em tribunais de todo o País para barrar rapidamente as tentativas de paralisação da operação. A expectativa do governo é de que a liquidação (fase final) da operação ocorra em junho.

Entre as etapas do cronograma de venda da empresa está a definição pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) do preço mínimo da ação.

Antes disso, os bancos que estão assessorando na oferta fazem uma leitura de mercado e submetem a avaliação para a Eletrobras e o BNDES. Depois, há um processo de aprovação interna do vendedor e, na sequência, será feito o lançamento da oferta por meio de um prospecto de venda. É como se fosse um folheto com as regras da venda.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Primeiro índice de empresas do agronegócio vai estrear nesta segunda-feira na B3

A B3 vai estrear nesta segunda-feira (16) o primeiro índice com temática agro, que vai acompanhar o desempenho das empresas do setor no Brasil. Trata-se do Índice Agro Free Float Setorial (IAGRO B3).

Conforme comunicado da B3, a carteira do novo indicador será composta por ações e units de companhias listadas, que foram categorizadas como Agronegócio pela nova classificação setorial criada pela B3 a pedido do mercado.

Para participar da carteira do indicador, o ativo deverá atender critérios de liquidez como, por exemplo, estar presente em 95% dos pregões dos últimos 12 meses e não ser classificado como “penny stock” (ou seja, ter preço médio superior a R$ 1).

O diretor executivo de Produtos Listados e Dados da B3, Luís Kondic, explicou na nota que “nos propusemos a fazer uma classificação abrangente, que abarcasse todos os setores diretos e indiretos do agronegócio, e não apenas empresas que tenham suas atividades relacionadas à agricultura ou à pecuária. Com isso, o mercado poderá oferecer novos produtos atrelados a esse índice, dando ao investidor outras formas de diversificar sua carteira”.

Segundo a B3, o novo indicador é um passo importante para facilitar investimento no setor, já que permite que novos produtos com exposição ao agronegócio, como ETFs e outros fundos passivos, passem a ser oferecidos para os investidores. O produto estará disponível no site da B3, no seguinte caminho: Market Data e Índices, Índices de Segmentos e Setoriais, Índice Agronegócio B3 (Classificação Agro B3).

A composição da carteira será revista a cada quatro meses, sempre em janeiro, maio e setembro. A carteira do IAGRO B3 será composta por 32 ativos, nas participações informadas a seguir:

1) JBS (JBSS3) – 7,439% (Setor primário)

2 SUZANO (SUZB3) – 7,439% (Setor primário)

3) AMBEV (ABEV3) – 6,220% (Agroindústria)

4) COSAN (CSAN3) – 6,220% (Agroindústria)

5) KLABIN (KLBN11) – 6,101% (Setor primário)

6) BRF (BRFS3) – 5,614% (Setor primário)

7) RUMO S.A. (RAIL3) – 4,933% (Agrosserviços)

8) SAO MARTINHO (SMTO3) – 3,879% (Setor primário)

9) MARFRIG (MRFG3) – 3,857% (Setor primário)

10) SLC AGRICOLA (SLCE3) – 3,494% (Setor primário)

11) DEXCO (DXCO3) – 3,266% (Setor primário)

12) ASSAI (ASAI3) – 3,246% (Agrosserviços)

13) MINERVA (BEEF3) – 3,182% (Setor primário)

14) RAIZEN (RAIZ4) – 3,087% (Agroindústria)

15) BRASILAGRO (AGRO3) – 2,821% (Setor primário)

16) 3 TENTOS (TTEN3) – 2,660% (Setor primário)

17) JALLESMACHADO (JALL3) – 2,644% (Setor primário)

18) CAMIL (CAML3) – 2,644% (Setor primário)

19) IRANI (RANI3) – 2,587% (Setor primário)

20) BOA SAFRA (SOJA3) – 2,571% (Setor primário)

21) CARREFOUR BRASIL (CRFB3) – 2,446% (Agrosserviços)

22) AREZZO (ARZZ3) – 2,384% (Agroindústria)

23) M. DIAS BRANCO (MDIA3) – 1,647% (Agroindústria)

24) VAMOS (VAMO3) – 1,400% (Agrosserviços)

25) PÃO DE AÇÚCAR – CBD (PCAR3) – 1,303% (Agrosserviços)

26) ARMAC (ARML3) – 1,157% (Agrosserviços)

27) HIDROVIAS (HBSA3) – 1,136% (Agrosserviços)

28) GRUPO MATEUS (GMAT3) – 1,086% (Agrosserviços)

29) RANDON PART (RAPT4) – 1,021% (Agrosserviços)

30) KEPLER WEBER (KEPL3) – 0,981% (Agrosserviços)

31) TUPY (TUPY3) – 0,910% (Agrosserviços)

32) RECRUSUL (RCSL3) – 0,626% (Agrosserviços)


Como o BTG correu contra o tempo para entregar três usinas ao governo

Em 2021, com a estiagem histórica pela qual o País passava, o risco de apagões era iminente. Sem previsão de chuvas no horizonte, o governo realizou um leilão de energia emergencial para evitar que o pior dos cenários se concretizasse. Como a situação era de risco máximo, as usinas térmicas – mais poluentes e caras, mas que não dependem do clima – foram priorizadas. O BTG Pactual entrou no jogo por meio de empresas nas quais investe a partir de fundos. Após uma corrida contra o tempo, três projetos deverão entrar em operação a partir de junho.

Construir uma usina não é missão simples, mas todas as companhias que venceram o leilão tiveram um desafio ainda maior: elas se comprometeram a entregar as usinas em seis meses. O governo ainda concedeu prazo extra de três meses, com pesadas multas. Após esse período, que termina em agosto, o governo poderá romper o contrato e não pagar nada às empresas.

Os três projetos do BTG – Tevisa, Linhares e Povoação, todas no Espírito Santo, que somam a geração extra de 148,5 MW/hora – ficaram a cargo do executivo Marcelo Oliveira. Para colocar usinas dessa potência em pé, leva-se cerca de um ano. Por isso, quando se sagrou vencedora no leilão, a Tevisa já contava com os três meses extras oferecidos pelo governo. Agora, com a previsão de entregar os projetos em sete meses, em vez de seis, terá de desembolsar R$ 230 milhões a mais, ou cerca de 40% do valor total dos projetos.

Desde o início, as usinas já corriam contra o tempo. Então, outros problemas apareceram. No total, o investimento dos fundos Vulcan e BTG Infra Dividendos será de R$ 1,1 bilhão. Em um período de construção normal, a conta seria 30% menor. Esse aumento ocorreu por uma série de fatores. O principal foi a negociação com a empresa finlandesa Wärtsilä.

FURANDO A FILA. Uma das poucas fornecedoras de motores para usinas térmicas, a empresa estava com fila de espera para atender à demanda global. Por isso, o projeto Linhares precisou colocar mais dinheiro na mesa para conseguir os produtos rapidamente – basicamente, os projetos do banco “furaram a fila”, remunerando a Wärtsilä para que ela pagasse multas a clientes que tiveram as entregas atrasadas.

Após essa resolução, outro problema apareceu no radar: a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O risco passou a ser logístico, já que a Finlândia é “vizinha” da região do conflito. A estratégia foi antecipar todas as entregas. As peças, que seriam inicialmente entregues em pacotes, passaram a ser enviadas separadamente. Resultado: outra conta extra de dezenas de milhões de reais.

Por aqui, a ordem foi expandir os turnos para que as obras ficassem prontas a tempo – o trabalho ocorria 20 horas por dia, nos sete dias da semana. “Tivemos mais gastos trabalhistas por conta do prazo. Os custos das obras cresceram muito, mas tudo estava precificado pelo retorno que está no contrato”, diz Oliveira.

Olhando para o longo prazo, a conta será positiva para a empresa e o BTG. Com a entrada dos 148,5 MW/h nas três operações, as usinas terão capacidade total de 527,1 MW/h, tendo em vista que tanto Linhares quanto Tevisa já tinham operações antes da energia contratada no leilão emergencial. No ano passado, no auge da utilização das usinas movidas a gás, o grupo faturou quase R$ 1,9 bilhão. Os novos projetos, que representam menos de um terço da capacidade total, vão somar R$ 2,36 bilhões de receita até 2025, quando o contrato de fornecimento emergencial termina.

POLÊMICA. Apesar de o BTG ter precificado o atraso, o cenário não deverá ser o mesmo para todas as empresas que venceram os leilões realizados pelo governo. A data prevista para a entrega das obras era dia 1.º de maio. Nesse prazo, apenas 1 das 17 usinas contratadas no leilão de energia foi entregue. Das 14 térmicas, incluindo as do BTG, nenhuma foi finalizada no prazo inicial.

Para se ter uma ideia, sete delas ainda não tiveram obras iniciadas, segundo dados da Agência Nacional da Energia Elétrica (Aneel). Esse é mais um fator que gerou críticas sobre o leilão, que recebeu uma chuva de contestações por estimular a construção de térmicas em um momento no qual as discussões sobre o aquecimento global ganham mais força.

Para Cláudio Frischtak, especialista em infraestrutura e fundador da consultoria Inter.B, agora é fácil criticar o governo federal pelo leilão de valores tão mais altos do que o padrão. Porém, ele ressalta que, à época, a situação era de risco total. “Não quero ser engenheiro de obra pronta, apesar de pensar que esses leilões deveriam ter sido feitos bem antes da crise.”

Segundo ele, apesar do crescimento das energias renováveis na matriz energética brasileira, é importante que também existam térmicas para suprir a necessidade em momentos mais difíceis. “Nossa matriz está passando por transformações, e daqui a 20 anos teremos uma maior quantidade de energias renováveis, diminuindo o risco de apagões. Mas, até lá, as usinas térmicas são necessárias para equilibrar o sistema.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Com incertezas externas, fusões e aquisições passam por desaceleração

Após um primeiro trimestre indicando um ano recorde para fusões e aquisições no Brasil, o movimento começou a perder fôlego. E o cenário externo teve forte influência para o esfriamento dos negócios. Entre os fatores que causaram essa freada, estão a guerra entre Rússia e Ucrânia e a expectativa de desaceleração na China, que está promovendo lockdowns por causa do aumento dos casos de covid-19. Com tudo isso, junto ao movimento de alta de inflação e de juros em todo o mundo, a disposição de empresas e fundos para assinar cheques milionários diminuiu. Isso já começa a ficar claro em números.

No ano passado, um total de 1.627 transações de fusão e aquisição ocorreram no País – avanço de 46% em relação a 2020. Depois de seguir com ânimo nos primeiros três meses de 2022, a situação começou a mudar em abril: o mês passado teve 118 negócios, queda de 17% em relação ao mesmo período do ano passado, aponta a consultoria Kroll. No quadrimestre, contudo, ainda há uma alta de 3% ante 2021.

“Há muito ruído externo, e o investidor não gosta de incerteza”, frisa o especialista em fusões e aquisições da Kroll Alexandre Pierantoni. Segundo ele, a turbulência da guerra, que inicialmente afetou mais a Europa, já respinga no mercado brasileiro. “Além disso, a abertura e o fechamento de mercados, seja na China ou Taiwan, afetam todas as economias”, diz Pierantoni.

Apesar da recente desaceleração, o ano já trouxe alguns negócios de destaque. Entre eles, estão a união das gigantes de shoppings Aliansce Sonae e BR Malls; a oferta da SulAmérica pela rede D’Or, de hospitais; a venda do banco Modal à XP; e a negociação entre o atacarejo Giga e a chilena Cencosud. No horizonte, há negócios como a venda da Aramis (moda), das lojas do Makro (de atacado) e da petroquímica Braskem.

PREÇOS. Além do cenário ruim, ainda há a necessidade de um ajuste dos preços pedidos pelos vendedores, especialmente no setor de tecnologia, para que os negócios voltem a sair mais rapidamente, diz o chefe do banco de investimento do Itaú BBA, Cristiano Guimarães. Ele aponta que os fundos de private equity, que compram participação em empresas, devem ter posição de protagonismo nos próximos meses, pois estão bem capitalizados.

Sócio da butique de fusões e aquisições Santis, Felipe Argemi afirma que o ambiente eleitoral também deixa as empresas mais seletivas. A queda de ritmo, diz ele, vem depois de dois anos de grande liquidez global, com forte movimento no mercado de capitais. Por outro lado, a crise global jogou luz em setores que andavam esquecidos, como indústria e commodities, afirma Saulo Sturaro, sócio da JK Capital. “Já estamos vendo investidores, que antes só queriam tecnologia, olhando setores tradicionais.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Uisa vai investir R$ 53 milhões para entrar em segmento de nutrição animal

A Uisa, companhia do setor sucroenergético com maior capacidade de moagem do Centro-Oeste, vai diversificar seu portfólio e entrar no mercado de nutrição animal. A companhia construirá uma planta para produzir levedura seca – usada como suplemento na ração animal pelo seu alto teor proteico – a partir do resíduo da fabricação de etanol. A expectativa é de investimento de aproximadamente R$ 53 milhões e capacidade de produção de 9,6 mil toneladas por ano. A unidade, que terá área de 3,6 mil metros quadrados, será anexa à usina da empresa, que fica em Nova Olímpia (MT), e as obras devem terminar até abril de 2023. Com a planta, a Uisa espera receita de R$ 30 milhões por ano.

“Para nós, a usina não é só uma usina, é uma plataforma de recuperação de carbono produzida de forma barata no campo”, afirmou o CEO da Uisa, José Fernando Mazuca Filho. “Ao produzir etanol, a emissão de gases de efeito estufa é evitada; já com a levedura, há um adensamento da cadeia pecuária. É possível ter menos animais com a mesma produção, reduzindo a emissão de metano. Tudo que fazemos tem caráter de descarbonização e diversificação de receita.”

A unidade deve produzir quatro tipos de levedura: integral (padrão), autolisada (premium), hidrolisada (super premium) e parede celular (também super premium). Ela deve ser a maior de Mato Grosso, Estado com o maior rebanho de bovinos do País.

A fabricação do componente de ração animal é parte dos planos de expansão da Uisa, que também pretende construir uma unidade de etanol à base de milho. “Temos um projeto avançado com licença prévia para a instalação de uma planta”, afirma Mazuca. “O Capex é interessante dadas as sinergias que temos, e, pela nossa localização, estamos próximos de milho barato.” A empresa planeja expandir a capacidade de produção do biocombustível em 270 mil metros cúbicos, ou 270 milhões de litros, com a nova unidade de produção a partir do milho. “Hoje temos capacidade de 300 mil metros cúbicos; e com a expansão de capacidade da moagem de cana-de-açúcar que estamos planejando, chegaria a 450 mil. Com o milho, teríamos mais 270 mil”, diz o executivo.

Além da expansão orgânica, a companhia também analisa propostas de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês). “Por natureza dos investidores e minha, temos uma agenda de M&A relativamente ativa”, diz Mazuca. “Não quero necessariamente comprar uma usina, mas sim fazer um bom negócio. Sou acessado por bancos para olhar oportunidades e analisamos todas com carinho.”

A abertura de capital na bolsa também está nos planos. “No início do ano passado fomos muito acessados por bancos de investimento. Observamos o mercado, tivemos conversas com fundos e investidores, mas decidimos que não era o momento”, afirma o CEO. Ele ressalta que a governança está pronta para um IPO.

“Este ano é ano eleitoral, e em anos eleitorais o mercado de capitais não costuma andar bem”, observa. “Precisamos ver o cenário eleitoral, o que o cenário político traz e o que o mercado financeiro vai trazer. Na nossa visão, este ano não é o ano; já para o ano que vem, vai depender do que a política nos reservar.”

A Uisa teve receita bruta de R$ 1,2 bilhão nos nove primeiros meses da safra 2021/22, com lucro líquido de R$ 367 milhões no período, 119,9% a mais do que no mesmo intervalo da safra anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em R$ 655 milhões.