Análise e Opinião

Análise e Opinião

US Open e Copa do Mundo: a decisão correta | Carta aos Investidores SET 2022

Por
Thiago Goulart

Esportes podem revelar uma excelente metáfora para o mundo dos investimentos. Aproveitando o timing, está acontecendo neste mês de setembro o maior Grand Slam de Tênis: o US Open. Já houve a despedida da lenda Serena Williams. Aliás, fica a dica do grande filme King Richard – Criando Campeãs. Um pouco mais adiante, em novembro, teremos a Copa do Mundo FIFA. Um é mais individual, o outro é essencialmente coletivo.

No entanto, ambos trazem benefícios dentre as quais habilidades e competências que podem ser desenvolvidas mediante inúmeras tomadas de decisão mais ajustadas e eficientes. Neste caso, compreender o comportamento e boa dose psicológica nos ajudam a diminuir ou mesmo a eliminar alguns vieses que muitas vezes nos desviam de um comportamento tido como “racional”, levando-nos a executar ações que nos prejudicam e interferem na nossa saúde financeira.

Segue abaixo, uma lista simplificada de influências que sofremos diariamente nas nossas decisões, tanto quanto os atletas de alta performance:

» Normas Sociais: Nossas escolhas são influenciadas por normas sociais e pelo comportamento dos outros.

» Framing: A forma que uma escolha é apresentada afeta nossa decisão.

» Status quo: Tendemos a nos manter no que é conhecido e na opção padrão.

» Priming: Somos influenciados facilmente por informações irrelevantes e/ou inconscientes.

» Efeito Posse: Valorizamos mais algo que possuímos comparado ao que não possuímos.

» Âncoras: Nossas decisões são tomadas com base em um ponto de referência, consciente ou inconsciente.

» Desconto Intertemporal: O horizonte de tempo e quando seremos impactados pela ação afeta nossas decisões.

» Falácia do Planejamento: Costumamos subestimar prazos e custos quando planejamos uma ação.

» Contexto: O contexto em que vivemos é fundamental e pode ser usado para influenciar uma decisão

» Aversão à perda: Sentimos muito mais as perdas do que os ganhos, mesmo que estes tenham a mesma dimensão.

Na Carta aos Cotistas da asset Dahlia Capital, podemos tirar algumas lições do que tem ocorrido no mercado financeiro.

Ao longo de 2022, vimos grandes movimentos no Ibovespa. No início do ano, a bolsa brasileira estava barata e o fluxo de investidores estrangeiros fez com que o Ibovespa atingisse 120.000 pontos no final de março. Depois, a preocupação com a situação fiscal do Brasil, culminando com a aprovação da PEC Kamikaze em julho, fez com que o Ibovespa voltasse para perto de 95.000 pontos. Contudo, uma eleição com candidatos sinalizando uma convergência ao centro fez com que a bolsa se recuperasse de novo para os quase 115.000 pontos. Verdade? Ou será que todas essas narrativas criadas pelo mercado são parte de uma ilusão coletiva?

Como estará o cenário brasileiro nos próximos meses? A Bolsa está barata? Como predizer o futuro e alcançar rentabilidades interessantes? Com a intangibilidade e incerteza que sempre fizeram parte do dia a dia dos brasileiros, vieses críticos tendem a ser amplificados, e causar ainda mais estragos. Compreender o porquê desses desvios de comportamento é passo nevrálgico para enfrentar nossos dilemas financeiros.

Tomar decisão pode ser difícil, justamente pelo fato de que ela sempre terá algum impacto em menor ou maior grau em nossas finanças. Decisões complexas implicam trade-offs peculiares – um país que precisa elevar os juros para conter a inflação faz um trade-off. Por isso, verifique se o seu dinheiro está sendo destinado aos valores e propósitos que te movem.

Ainda a respeito da citação acima, a equipe de gestores Dahlia acredita que

Ao longo dos últimos seis anos, o Brasil fez uma série de reformas que ainda trarão resultados positivos para os próximos anos, como reforma da previdência, lei do gás, do saneamento e de telecom, a privatização da Eletrobras e a transferência para a inciativa privada de projetos de infra. A situação fiscal requer cuidado, mas a inflação (e a taxa de juros) alta continua sendo um dos principais problemas que o próximo governo irá enfrentar.

Uma carteira de ações diversificada evita a dependência da volatilidade de que uma única empresa venha a ter em seu patrimônio. Diversificar, em outras palavras, permite reduzir o risco, sem necessariamente reduzir a expectativa de retorno. Recomenda-se que, dentro da mesma classe de ativos, como é o caso das ações, a diversificação entre empresas descorrelacionadas, ou seja, de setores diferentes.

Quem investe achando que vai ficar rico de uma hora para outra, com apenas algumas aplicações certeiras, não é um investidor, mas um apostador. Isso também acontece no mercado financeiro. No livro A Psicologia Financeira, Morgan Housel afirma:

O seu sucesso financeiro tem pouco a ver com o quão esperto você é, e muito a ver como você controla o seu comportamento.

O foco e a determinação são o resultado de tudo o que falamos até aqui. Entretanto, o que é preponderante são a resiliência e o autoconhecimento. E isso não é papo furado.

A resiliência dificilmente salta aos olhos dos competidores ou é apontada como a habilidade que mais chama atenção em um jogador, mas talvez o seu poder esteja justamente no fato de ser subestimada.

Nos investimentos, o que vale não é o acaso, mas a consistência.

A frase acima, significa investir independentemente dos cenários, seja na alta, seja na baixa. Suportar a volatilidade do mercado de ações em terra brasileira é amadurecer como investidor. Isso significa comprar quando todos estão vendendo. Significa ter uma visão de longo prazo, para daqui 10, 20 ou 30 anos, quando os juros compostos provocam um efeito de bola de neve na sua carteira.

Invista e tenha a melhor assessoria financeira de acordo com seu perfil de investidor. Abra sua conta na Valor Investimentos.

Deixe um comentário