Análise e Opinião

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Investimento Internacional: Entenda os tipos de ativos internacionais

Por
Jhady Vasconcelos

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Você já entendeu aqui a importância de diversificar os investimentos através de ativos internacionais e as maneiras para realizar esse tipo de investimento. Agora vamos entender quais são esses investimentos.

BONDS

Dentro da renda fixa, temos os famosos Bond’s. São títulos de renda fixa emitidos tanto por entidades privadas (bancos e empresas) quanto por Governo. São muito parecidos com os ativos de crédito privado aqui no Brasil (CRI, CRA e debênture).

O mercado de Bond tem mais liquidez e opções que o mercado de Crédito Privado brasileiro. Empresas brasileiras que emitem dívida aqui no Brasil também emitem dívida no mercado norte-americano. Comprando lá, o investidor tem a exposição ao dólar e ao mercado global, sendo uma ótima maneira de diversificar o portfólio. Além disso, temos empresas do mundo inteiro, não só as empresas que estamos acostumados no Brasil.

Os Bonds seguem uma padronização. Algumas das características do ativo:

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Fonte: https://conteudos.xpi.com.br/assessor/rendafixa/rf-global/

O ticker do bond nos mostra algumas informações, por exemplo:

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PETBRA é o emissor.
7 ¼ é o cupom.
03/12/2024 é o vencimento.

Nesse caso, temos um Corporate Bond (Bond emitido por empresa privada) de Petrobrás, com vencimento em dezembro de 2024 e pagando juros de 7,25% ao ano.

A maioria dos Bonds pagam um cupom de juros fixo semestral. Os cupons recebidos sobre os Bonds são tributados de acordo com a tabela abaixo (valores em R$).

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Para pagar esse imposto, você deve gerar um DARF até o último dia do mês subsequente ao fato.

Em relação aos títulos públicos norte-americanos (Treasuries), podemos diferenciá-los pelo vencimento:
-Treasury Bills: vencimento em um ano ou menos;
-Treasury Notes: vencem em até dez anos e pagam juros semestrais;
-Treasury Bonds: vencimento entre 20 a 30 anos e pagam juros semestrais;
-TIPs: são papeis indexados ao índice oficial de inflação dos EUA (CPI), como os títulos do Tesouro Direto híbridos atrelados ao IPCA.

Há também um tipo de Bond que não possui uma data de vencimento pré-determinada, e por isso, são considerados mais arriscados. Eles são os chamados Perpetual Bonds.

Por falar em risco, é importante saber o nível de risco do ativo, que chamamos de Rating. Assim como os créditos privados no Brasil, os Bonds também passam por uma classificação de risco analisada pelas agências, onde consideram a capacidade e disposição da emissora de honrar com suas obrigações na data esperada. A escala vai de “AAA” (para o mais alto) a “D” (para o mais baixo), sendo que quanto maior o risco de default (não pagamento), menor o rating.

Vale sempre lembrar que “quando a esmola é demais, até o santo desconfia” e quanto maior o rendimento do ativo, maior o risco. Dessa maneira, ao escolher o Bond ou qualquer outro ativo, devemos sempre observar se estamos dispostos a tomar o risco oferecido pelo ativo, e não olhar somente a taxa e vencimento.

De acordo com a regra de tributação atual, ao realizar a venda do Bond, se houver diferença entre o preço de compra e o preço de venda, obtendo lucro de até R$ 35 mil reais, o imposto é isento de geração de DARF. Acima desse valor, podemos utilizar a tabela acima, começando em 15% e seguindo até 22,5%. Vale ressaltar que o ganho de capital obtido até o limite de R$ 35 mil deve ser declarado na Declaração de Ajuste Anual de Imposto de Renda.

ETFs

Os ETFs (Exchange traded funds) são fundos de investimentos que replicam a carteira de algum índice da economia, acompanhando seu desempenho. O ETF é negociado em Home Broker (no mesmo local onde negociamos ações e outros ativos de renda variável).

Apesar de ser considerado um ativo de renda variável, nós temos opções de ETFs que replicam índices de renda fixa. Por exemplo, o TFLO é um ETF que replica uma carteira de ativos de tesouro norte-americano de curto prazo, sendo uma boa opção para investir em renda fixa norte-americana com um montante menor (cerca de US$50).

Diferente dos ETFs brasileiros que não distribuem proventos, os ETFs norte-americanos distribuem dividendos que já caem líquido de imposto de renda (30% retido na fonte) na conta do investidor. Esses dividendos seguem periodicidades diferentes, podendo ser mensais, trimestrais, anuais etc.

Como mencionado anteriormente, existem ETFs de vários índices e temos uma diversidade enorme dentro dessa classe. Caso o investidor tenha o perfil mais arrojado e queira investir na bolsa norte-americana, ele pode optar pelo ETF VOO, que replica o índice S&P 500, que por sua vez é o índice que acompanha o desempenho de 500 empresas líderes da economia dos Estados Unidos.

Antes de escolher qual ETF você vai comprar, você precisa buscar o que compõe o índice daquele fundo, qual a taxa de administração do fundo (expense ratio), a volatilidade (mod duration), o rating e se ele tem liquidez no mercado.

Assim como ocorre na venda de Bonds, quando vamos vender o ETF, se obtiver lucro, pode haver incidência de imposto de renda. Se ultrapassar o limite de R$ 35.000,00 no mês você deve gerar um DARF e pagar até o mês subsequente. Caso não ultrapasse esse valor, o lucro da venda deve ser declarado na Declaração de Ajuste Anual de Imposto de Renda.

STOCKS

Stocks são as ações negociadas nas bolsas de valores norte-americanas. Assim como no Brasil, você pode comprar ações das empresas listadas na bolsa de valores e se tornar sócio delas. Diferente do Brasil, nos Estados Unidos existem diversas bolsas de valores e as principais são as NASDAQ e NYSE. Da mesma maneira que compramos os ETFs no home broker, as ações também podem ser negociadas, enviando as ordens de compra e venda.

Outro ponto diferente é que as ações não são negociadas em lotes de 100 unidades como aqui no Brasil. Algumas corretoras disponibilizam ainda a função de comprar frações menores que 1 unidade. Ou seja, você pode comprar 0,23 ações da Alphabet, por exemplo, que é o ticker GOOGL na NASDAQ.

Para escolher quais ações comprar, você pode definir sua estratégia como: ações que pagam dividendos, ações de empresas de valor, ações de empresas de crescimento etc.

A liquidação das ações também ocorre em D+2.

Em relação ao imposto de renda, temos a mesma situação dos ETFs: os dividendos são tributados na fonte em 30% e o investidor já recebe líquido. E no caso de venda com lucro, temos a faixa de isenção até 35 mil reais, onde só precisamos declarar na Declaração de Ajuste Anual de Imposto de Renda. Acima de 35 mil reais, devemos seguir a tabela de ganho de capital para gerar DARF.

REITs

Assim como nós possuímos os Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs) aqui no Brasil, no mercado norte-americano temos os REITs (Real Estate Investment Trusts) que são as empresas que focam no mercado de imóveis. Ao contrário do Brasil, os Reits não são fundos e sim, empresas. Então, o Reit nada mais é do que uma divisão de setor de empresas do ramo imobiliário da bolsa norte-americana. Essas empresas são compostas por proprietários, administradores ou financiadores de imóveis.

Os Reits listados em bolsa são divididos em treze segmentos: escritórios, industriais, varejo, hospedagem, residenciais, florestais, saúde, galpões, infraestrutura, data centers, diversificados (mais de um tipo), especializados (imóveis que não se enquadram nas demais categorias) e hipotecários (mReits).

Essas empresas, com exceção dos mReits, ganham dinheiro alugando os imóveis e distribuem lucro entre os acionistas. Apesar de serem obrigados a distribuírem lucro apenas anualmente, a maioria dos Reits pagam dividendos trimestrais ou mensais, então é uma boa opção para quem quer uma renda regular.

Os mReits, que são os Reits hipotecários, financiam imóveis e a receita deles vem dos juros cobrados nos financiamentos.

Da mesma forma que as Stocks, o lucro distribuído aos acionistas tem imposto de renda de 30% retido na fonte caso o investidor não seja residente dos EUA. Então, não precisamos nos preocupar em gerar DARF para esse caso.

Como são negociadas na bolsa, há a valorização ou desvalorização dos preços dos papéis. E, por isso, esse é considerado um investimento de longo prazo para quem espera a valorização do papel.

Para escolher um Reit, assim como o FII, utilizamos alguns critérios como dividend yield, quais imóveis compõe a empresa (localização dos ativos e perspectivas do setor para os próximos anos), saúde financeira e operacional da empresa, além dos múltiplos para saber se a empresa está “barata” ou “cara” em relação ao seu valor justo.

Em caso de venda com lucro, o imposto da operação deve seguir a mesma regra das Stocks.

ADRs

Os ADRs (American Depositary Receipts) são recibos de ações emitidos nos EUA. Assim como os BDRs, que são recibos de empresas do exterior negociadas no Brasil, os ADRs também são recibos de ações de empresas que não são negociadas nas bolsas dos Estados Unidos.

A negociação dos ADRs ocorre no home broker também, como se fossem stocks.

FUNDOS DE INVESTIMENTO

Além de todos os produtos acima, você pode investir em fundos de investimentos. Assim como os fundos disponíveis no Brasil, temos excelentes gestoras internacionais.

Sempre bom lembrar que investindo através de fundos, o investidor pode ter acesso a produtos mais sofisticados e participar de estratégias diferenciadas.

Um ponto positivo dos fundos internacionais é que eles não possuem come cotas (que é a antecipação do imposto de renda). Sendo assim, o investidor deve pagar imposto de renda somente quando realizar a venda com lucro. As alíquotas seguem a mesma tabela dos Bonds.

Também há outra diferença nas cotas dos fundos internacionais. Temos as cotas que vai acumulando os dividendos ao valor da cota, e as cotas que os dividendos são distribuídos ao investidor. Entretanto, as plataformas da Avenue e da XP Internacional só distribuem os fundos que têm cotas de acumulação, que são iguais aos fundos nacionais.

Como saber qual produto é o mais indicado para mim?

Sem mais delongas, acredito que agora você já saiba os principais produtos para começar a diversificar o seu patrimônio com uma parcela em investimentos internacionais.

Para montar o seu portfólio, com a diversificação adequada, é importante consultar o seu assessor de investimentos.

Os custos operacionais de cada ativo podem variar entre as corretoras. Por isso, esse não foi um tópico abordado aqui.

 

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