A agenda dos bancos centrais norte-americano e brasileiro de setembro reflete nas aplicação dos investidores de todo o país. Isso porque o ajuste monetário influi diretamente na taxa básica de juros – a Selic.
A atenção dos investidores para a super quarta se traduz nas expectativas do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) que, aliás, poderão elevar mais uma vez a taxa de juros.
Após os analistas do mercado reduzirem a estimativa de inflação para 6% em 2022, no que tange à Selic, alguns economistas reconhecem que a possibilidade de um ajuste residual de 0,25 pontos, mas, no geral, os investidores esperam que a taxa básica de juros da economia mantenha-se no patamar de 13,75%.
Também na quarta-feira termina a reunião do Fomc, o Copom do Banco Central dos Estados Unidos. A ampla maioria do mercado aposta em alta de 0,75 pontos base, mas até mesmo uma alta maior, de 1 ponto porcentual, não está totalmente descartada e 1,5%.
O aumento das taxas de juros, tanto americanas quanto brasileiras, geralmente levantam diversas dúvidas. Segue algumas delas.
O que é a Taxa Selic?
A Selic é a taxa básica de juros, um instrumento utilizado pelo Banco Central para auxiliar no controle da inflação e que influencia em todos os investimentos do país.
O que acontece quando a Selic aumenta?
Os preços dos produtos (bens materiais) tendem a abaixar ou ficarem estáveis, e, como consequência, consegue-se o controle da inflação.
Com a Selic alta, juros de crédito como parcelamento e cheque especial também ficam mais altos e os rendimentos de investimentos em Renda Fixa ou títulos públicos indexados à Selic se tornam extremamente atrativos.
Qual a relação entre a Taxa Selic e a Inflação(IPCA)?
Em resumo, aumentar a taxa Selic ou mantê-la estável é uma maneira de conter o aumento do IPCA.
Muitos não sabem, mas a inflação (IPCA) não é estabelecida por um órgão, e sim o resultado de uma variação contínua e generalizada dos preços de produtos e serviços. Com preços mais caros o mercado fica desaquecido e o consumo reduz — acontecendo o oposto quando os preços diminuem.
A Selic é uma estratégia de política financeira que o país adotou para ganhar mais estabilidade econômica, evitando que os preços saiam de controle e desvalorizem a moeda nacional.
Assim, quando o IPCA está alto, o Copom tende a aumentar a Selic. Desse modo, o crédito fica mais caro e o consumo diminui, bem como a inflação.
Como a taxa Selic afeta os seus investimentos em Renda Fixa?
Quando a Selic sobe a Renda Fixa fica muito atrativa.
O investidor que prefere a segurança e previsibilidade pode buscar remunerações maiores com títulos de prazo mais longo, sejam eles públicos ou privados.
O títulos de renda fixa são uma modalidade de investimento que pode ser entendida como um empréstimo. É mais ou menos assim: o investidor empresta dinheiro a uma instituição e em troca, recebe o valor de volta, acrescido dos juros.
A instituição interessada em captar os recursos no mercado, emite um documento (título) onde se compromete a devolver o dinheiro pago acrescido da rentabilidade em uma data preestabelecida.
Como fica os seus investimentos na Bolsa com o aumento da Selic?
Com a alta da Selic, é comum que os investidores assumam menos riscos na Renda Variável, considerada mais instável, e migrem para a renda fixa, em um movimento que tende a derrubar os preços das ações.
A alta nos juros também costuma ser ruim para as empresas listadas porque aumenta o custo dos financiamentos e pode reduzir os lucros futuros.
Como o aumento de juros nos EUA impacta os seus investimentos aqui no Brasil?
O aumento na taxa de juros americana leva os investidores a diminuírem suas aplicações em países emergentes (como o Brasil) para tirar proveito da renda fixa dos EUA, mais conhecidas como Tresauries.
No Brasil, a alta do dólar eleva custos de importação, gerando persistência da inflação. Por esse viés, o Banco Central é forçado a elevar a taxa básica de juros (Selic) para tornar o país atrativo novamente para os investidores estrangeiros.