O dólar é uma das moedas mais fortes do mundo. Afinal, ela está atrelada ao mercado dos Estados Unidos que, por sua vez, é a maior economia global. De uma forma ou de outra, a moeda americana interfere no valor das suas viagens, nos produtos que você consome e, claro, nos seus investimentos. O último modelo do Iphone, por exemplo, não está caro somente pela qualidade, mas também porque tributa-se pesadamente produtos importados por aqui. Além disso, os insumos para a confecção de um celular como o Iphone são negociados em dólar.
A cotação da moeda tem grande influência sobre diversos setores da economia — e apresenta correlação negativa com o mercado acionário. Geralmente, quando as ações estão em baixa é esperado que o dólar suba, e o contrário tende a acontecer em seus períodos de alta.
Nesse sentido, o investidor ou especulador deve estar atento a essas variações, pois são períodos em que surgem muitas oportunidades. Dessa forma, saber o que move o preço dólar pode fazer com que você antecipe os movimentos de mercado e proteja o seu capital.
Pensando nisso, preparamos um guia completo para ajudar você a entender o dólar e aquilo que faz seu preço movimentar. Não deixe de acompanhar!
Sumário
. Como o preço do dólar é calculado?
. O que é a taxa de câmbio?
. O que é dólar comercial e dólar turismo?
. Quais os motivos que movem a cotação do dólar ao longo do tempo?
. Qual a importância de entender os movimentos no preço do dólar?
. Como proteger uma carteira de investimentos das flutuações do câmbio?
Como o preço do dólar é calculado?
Para que você entenda como o preço da moeda americana é calculado é preciso compreender que o dólar, como qualquer outra moeda estrangeira, funciona como um produto. Desse modo, semelhante aos bens ou serviços, seu preço é determinado pela lei da oferta e demanda.
Via de regra, o preço tende a aumentar quando há muita procura pela moeda norte-americana no mercado nacional. Seguindo essa mesma lógica, quando há muita oferta de dólar e pouca demanda, o seu preço normalmente diminui.
Essa sistemática funciona no Brasil, que adotou a política do câmbio flutuante desde 1999. Com isso, o Governo Federal não interfere no mercado para determinar a taxa de câmbio, mas pode interferir para manter a funcionalidade das operações e garantir a estabilidade do real.
O câmbio flutuante também é chamado de regime flutuante “sujo” ou de “flutuação suja”. Esse conceito está relacionado à possibilidade de intervenção de autoridades monetárias na taxa de câmbio. Isso faz com que o mercado cambial não seja totalmente livre. Para frisar, o Banco Central é o responsável por regulamentar o sistema financeiro do país e garantir a estabilidade do real.
O que é a taxa de câmbio?
A taxa de câmbio é o preço de uma moeda internacional em unidades da moeda nacional. Logo, ela reflete o custo de uma moeda em relação à outra. Nesse sentido, é possível comparar o real em relação ao dólar, à libra, euro, iene, e assim por diante.
As taxas de câmbio variam de acordo com a operação da moeda: compra ou venda. Por exemplo, se uma pessoa física deseja comprar dólar de alguma instituição autorizada — como casas de câmbio, instituições bancárias, entre outras — a taxa oferecida será a de venda.
Na situação inversa, caso a pessoa física esteja vendendo a moeda estrangeira para uma dessas instituições, a taxa será de compra. Geralmente, a taxa de venda é mais alta, pois envolve custos de serviços.
O Banco Central calcula diariamente a média das taxas de compra e venda praticadas pelos bancos e divulga a taxa de câmbio PTAX para o dólar e euro. Embora não seja uma taxa obrigatória, muitas instituições que trabalham com câmbio a utilizam como referência.
O que é dólar comercial e dólar turismo?
Outra dúvida que ocorre muito sobre a cotação do dólar é a diferença do dólar comercial e dólar turismo.
O dólar comercial somente pode ser negociado por empresas ou instituições financeiras. Normalmente ele é mais barato, tendo em vista o volume de negociações, feitas em grandes quantidades por pessoas jurídicas.
Já o dólar turismo é aquele que pode ser adquirido por pessoas físicas, ou seja, que usualmente precisam da moeda em espécie para realizar uma viagem. No geral, ele é mais caro, pois conta com o acréscimo de Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), além de outros custos operacionais.
Quais os motivos que movem a cotação do dólar ao longo do tempo?
Como vimos, o preço do dólar pode variar de acordo com a procura pela moeda em relação à quantidade ofertada no mercado. E diversos motivos podem fazer com que essa oferta e demanda oscile ao longo do tempo.
Vamos lá!
Turismo internacional
Muitas vezes, em uma viagem internacional, é preciso levar consigo uma quantia em espécie da moeda oficial do país de destino. E o dólar americano costuma ser uma moeda com bastante aceitação em países estrangeiros.
Nesse sentido, quanto maior for o número de pessoas realizando viagens internacionais e buscando dólares para custear suas despesas, maior será a demanda pela moeda. Logo, é esperado que a cotação suba. No cenário oposto, o real poderá se valorizar frente ao dólar.
Taxa de juros
No geral, a taxa de juros de um país corresponde à remuneração que o Governo paga aos credores que adquiriram títulos de sua dívida. Países com taxas de juros mais altas atraem investidores — especialmente considerando que os Estados Unidos costumam ter taxas bem baixas.
Logo, se os juros brasileiros sobem, se torna mais atrativo para os investidores aplicarem seu capital no país para buscar rentabilidade maior. Com a entrada de dólar no país, é aguardado que o real ganhe força e que a bolsa de valores brasileira (B3) cresça.
Já se os juros caem, pode ser vantajoso investir nos próprios títulos norte-americanos — que contam com maior segurança. A consequência disso é uma menor circulação de dólares no mercado brasileiro, com a depreciação da moeda brasileira.
Superávit ou déficit comercial
Os conceitos de superávit e déficit comercial estão relacionados à balança comercial. Ela aponta a diferença entre importações e exportações no país.
Quando o número de exportações é maior que o de importações, a entrada de dólares supera a saída. Nesse cenário, estamos diante do superávit e, assim, a oferta pela moeda americana aumenta. Como consequência, é esperada a diminuição de seu preço.
No cenário oposto, quando o número de importações é maior que o de exportações, a saída de dólares será maior que a entrada. Nesse caso, haverá o déficit, e a quantidade de dólares em circulação diminui. Isso possivelmente contribuirá para o aumento no preço da moeda.
Reservas cambiais
As reservas cambiais, também conhecidas como reservas internacionais, são ativos que os países possuem em moeda estrangeiras ou ouro. As reservas brasileiras são formadas majoritariamente pelo dólar.
Elas são fundamentais para garantir o cumprimento das obrigações do país no exterior. Além disso, também servem para estabilizar crises cambiais ou de natureza externa, bem como interrupções nos fluxos de capital para o país.
Uma eventual queda nos fundos de reserva cambial de um país pode fazer com que a moeda estrangeira valorize em detrimento da moeda nacional.
Crises financeiras
As crises financeiras, sejam internas ou externas, normalmente causam grandes impactos na variação do dólar. Isso porque o risco do país aumenta quando ele passa por um período financeiro conturbado.
Os investidores dificilmente manterão seus investimentos em uma economia em risco. Nesses períodos, é comum que o investidor retire seu capital do país em crise para outro que tenha maior estabilidade econômica.
Logo, a valorização da moeda americana é praticamente inevitável diante de crises, especialmente em países emergentes como o Brasil. E, em momentos de instabilidade mundial —como aquele causado pelo Coronavírus, todos os países são impactados.
Nesses casos, muitos investidores desfazem de seus investimentos de maior risco e realocam as quantias em ativos menos voláteis. Podem ser buscados para isso ativos de países mais estáveis ou commodities utilizadas como reserva de segurança — como o ouro.
Qual a importância de entender os movimentos no preço do dólar?
Como você pode ver, inúmeros fatores contribuem para o aumento ou diminuição do preço do dólar. Por isso, entender esses movimentos é importante para que você consiga se proteger contra os impactos causados pela moeda no mercado de consumo e nos investimentos.
Saiba mais!
Impactos no mercado de consumo de bens e serviços
Você pode não perceber no dia a dia, mas diversas empresas brasileiras vendem produtos que sofrem impacto direto da moeda norte-americana. Quando compramos um notebook, por exemplo, muitas peças são importadas — como processador, memória, hard disk, entre outras.
O mesmo acontece com celulares, tablets, câmeras digitais, televisores, etc. Também é o caso de outros produtos menos tecnológicos, mas cujas empresas têm alguma relação de importação ou exportação.
Tudo que é trazido de fora para o mercado interno impacta e é impactado pela oscilação do dólar. Da mesma maneira, quando a cotação do dólar é alta, favorecendo a exportação, os preços internos são afetados pela falta dos produtos no território nacional.
Um dos exemplos mais recentes disso foi a alta no preço do arroz em meados de 2020. Como o dólar estava em alta, muitos produtores preferiram exportar suas safras, ganhando em dólar, a vender o produto no mercado interno.
Impactos nos investimentos
Como você viu, o dólar tem correlação negativa com a bolsa de valores. Com isso, também existem impactos dele nos seus investimentos. Quanto mais os estrangeiros investirem no Brasil, mais reais são demandados. Assim, o real se valorizará frente ao dólar.
No sentido oposto, quanto mais estrangeiros retirarem seus investimentos da bolsa brasileira, menos dólares estarão em circulação no país. Com isso, seus aportes na renda variável podem sofrer influência da movimentação de preços.
Investimentos de renda fixa também podem sofrer com a oscilação da moeda americana. Em especial, se consideramos que o Governo pode tentar controlar a desvalorização do real. Ao alterar a taxa de juros ou intervir no câmbio há consequências na inflação e na rentabilidade.
Como proteger uma carteira de investimentos das flutuações do câmbio?
Depois de saber como o preço do dólar é calculado, os motivos que movimentam ele e seus impactos no mercado, você pode ficar em dúvida de como proteger seus investimentos contra essas flutuações cambiais.
Uma das melhores maneiras de manter uma proteção cambial ao seu portfólio de investimentos é a internacionalização da carteira, também chamada de dolarização. Isso é feito quando você expõe parte de seus investimentos ao dólar, equilibrando os riscos.
Conheça alternativas para fazer isso!
Mercado futuro
Se você tem um apetite maior ao risco e quer especular ou fazer hedge de sua carteira, poderá buscar operações no mercado futuro. Nele, são negociados contratos futuros de dólar que serão exercidos em uma data de vencimento posterior.
Se você acredita que a moeda terá valorização até a data de vencimento, pode abrir uma posição comprada, por exemplo. Todos os dias ocorrem ajustes de acordo com os resultados. Caso o preço esteja mais caro do que a posição, você receberá a diferença; do contrário, será debitado.
Porém, é preciso saber que o mercado futuro não há liquidação física, ou seja, você não receberá nem entregará os dólares negociados. No caso, a liquidação é financeira com base na posição assumida. Além disso, são operações que envolvem riscos, então avalie se elas são adequadas ao seu perfil.
Fundos cambiais
Os fundos cambiais são um veículo de investimento coletivo. Neles, diversos investidores se reúnem para a realização de um investimento em comum, no caso em câmbio. Parte dos recursos do fundo é alocada em ativos e produtos com exposição direta ou indireta a moedas, como o dólar.
A escolha dos investimentos é feita por um gestor profissional, trazendo bastante praticidade. Fora isso, pode ser uma oportunidade de diversificação — já que muitos fundos contam com portfólios diversificados. Eles podem ser adquiridos junto à sua corretora de investimentos.
Fundos internacionais
Os fundos internacionais possuem o funcionamento semelhante aos cambiais. No entanto, a diferença é que eles não focam na moeda em si, mas em ativos estrangeiros. Por exemplo, ações de empresas internacionais, cotas de fundos do exterior, entre outros.
ETF
O exchange traded fund (ETF) ou fundo de índice é um tipo de fundo de investimento que objetiva acompanhar a performance de um índice de mercado. Alguns deles buscam espelhar índices americanos, como o Standard & Poor’s 500 (S&P 500) — expondo o capital do investidor ao dólar.
BDR
O brazilian depositary receipts (BDR) ou certificados de depósitos de valores mobiliários são outra forma de dolarizar sua carteira. Isso porque eles podem representar títulos públicos, ETFs e ações internacionais. Mas contam com a facilidade de serem negociados em reais na própria B3.
Ao chegar até aqui você pôde perceber diversos fatores que impactam o preço do dólar. Ademais, conheceu formas de proteger seus investimentos contra essas variações cambiais. Não deixe de considerar seu perfil e seus objetivos para decidir se vale a pena a dolarização da sua carteira.
Gostou deste conteúdo? Compartilhe com um amigo que também investe e precisa se proteger contra as variações cambiais!